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Direitos

Câmara realiza audiência e debate políticas públicas para pessoa idosa

Proposta foi da vereadora Teca Nelma (PSDB) e contou a presença de lideranças

Dicom/CMM

segunda, 06 de dezembro de 2021 às 13h00

Dicom/CMM

A Câmara Municipal de Maceió realizou uma audiência pública, na manhã desta segunda-feira (6) para discutir políticas para pessoas idosas no município de Maceió. Com o tema "Vidas idosas importam" o evento reuniu representantes das várias entidades que lutam pelos direitos das pessoas idosas. A necessidade do desenvolvimento de políticas públicas e atenção ganharam destaque na maioria dos pronunciamentos. A proposição foi feita pela vereadora Teca Nelma (PSDB), contou com a presença do vereador Leonardo Dias (PSD) e de forma on-line do vereador Fernando Holanda (MDB). 

"Gostei muito da ideia de uma patrulha de proteção as pessoas idosas. Temos uma delegacia de vulneráveis mas que nunca funcionou e não tem um delegado próprio, aglutinou várias políticas, mas vai atender aos vulneráveis de Alagoas. Precisamos falar da pessoa idosa não como ser único, mas com multiplicidade. Cada uma é diferente da outra. Temos a população LGBTQIA+, precisamos fazer esse recorte também. Temos as pessoas com deficiência, as mulheres a população negra e temos que fazer esses recortes sociais e trazermos para o amplo debate", disse Teca. 

O gerontologista Crismédio Costa destacou que a sociedade precisa atuar no sentido de compreender a necessidade das pessoas idosas. Para o especialista o olhar preconceituoso de alguns só será modificado com um trabalho de educação permanente onde seja apresentada a velhice como um processo natural e parte integrante da vida. 

"Hoje não podemos tratar os idosos como a vovó e o vovô, mas de forma múltipla e essencial. Precisamos olhar das diferentes faces do envelhecimento. A ONU declarou o ano de 2020 como o ano do envelhecimento saudável e isso se reflete na necessidade de organizarmos o cuidado com essas pessoas. O envelhecimento é um direito natural e um processo natural e diverso, desde a orientação sexual e religião. Não ao preconceito", disse Crismédio

Ele lembrou que o Estatuto da Pessoa Idosa é um marco para o reconhecimento das pessoas que chegaram a esse momento da vida. Por isso, considerou que o momento é para que se sejam construídas pontes para a garantia de direitos. Em Alagoas tem crescido o número de centenários e nas áreas mais pobres. Segundo Crismédio isso é um sinal de que " a vida resiste".

O advogado Gilberto Irineu integrante da Comissão da Pessoa Idosa da OAB apresentou um relatório com a ocorrência de18 mortes de pessoas idosas, 10 vítimas facas, 6 por espancamento e 1 esganadura totalizando 35 assassinatos em 2020. Trina das vítimas contra homens, cinco contra mulher, sendo a maioria praticado no interior do Estado. Um detalhe importante é que esse número pode ser bem maior já que outros casos podem ter seguido para atendimento e a morte pode ter ocorrido após em consequência de agressões e não ter entrado nas estatísticas.

lembrou que a ordem tem um plantão específico para atender a demandas das pessoas idosas. Conforme lembrou o envelhecimento é um direito e como tal as pessoas precisam ser protegidas. 

"As pessoas idosas têm sido vítimas, em alguns casos, de parentes e responsáveis que se apropriam de cartões magnéticos e os impedem de ter acesso a essas informações. Vidas de pessoas idosas importam e precisamos da qualificação de cuidadores especializados. Como sugestão propomos uma abrigo público municipal para pessoal idosas, bem como um Centro Médico Multiprossional para pessoas idosas. E ainda um Centro de Convivência para pessoas idosas. 

O vereador Leonardo Dias (PSD) revelou que será um dos que também irão lutar por um abrigo municipal pois sentiu de perto essa necessidade ao tentar ajudar uma pessoa idosa. Lembrou também que mantém ligação com a Casa de Ranquines que atende pessoas em situação de rua e algumas delas com idade avançada.

"Há ainda problemas relacionados a questão das políticas pois temos encontrado unidades de saúde sem medicamentos, inclusive para os idosos. É muito fácil dizer que se apoia o idoso, mas precisamos de muito mais. Precisamos também dar visibilidade a delegacia da pessoa idosa. Um país que não respeita o seu passado jamais irá mudar o futuro", disse Dias. 

Leonardo lembrou ainda que a locomoção da pessoa idosa, em Maceió, é algo que também precisa ser observado. Isso porque é notório o quanto as calçadas da cidade são desniveladas. 

Relato

Quem fez um relato emocionado foi a artista plástica Suham Torres de 70 anos. Mulher trans revelou ao público que viveu 40 anos fora da Maceió por conta do preconceito. Pediu que sejam feitas políticas públicas de amparo, mas também um trabalho para que as pessoas olhem os trans e travestis com humanidade, pois vivem submetidos a muitos perigos. 

"Olhem com os olhos da alma. Vivemos num país onde mais se mata travestis. Precisamos de políticas públicas para o acolhimento de pessoas com idade e também pessoas trans. Somos rejeitadas por pessoas da famílias e também a sociedade. Muitas famílias escondem e não gostam de falar das pessoas trans. Não é fácil chegar a essa idade depois de passar por tantos transtornos. Nunca tive a necessidade de se prostituir porque sempre sobrevivi da minha arte", disse Suham.

A coordenadora da Pastoral da Pessoa Idosa, Rosineide Nascimento revelou que o trabalho envolve o atendimento comunitário. Durante as visitas é possível observar a situação dos idosos em suas famílias. "Não foram poucas as vezes em que foram encontradas situações de violência doméstica contra os idosos. Mas também tem a violência das pessoas por parte do município e o Estado quando faltam medicamentos. As fraudas muitas vezes faltam pois eles não recebem e não têm condições de comprar. Tem muitos casos também de quedas de pessoas idosas que são levadas para Coruripe ficam lá por 40 dias e depois não têm ambulâncias para trazê-los", descreveu.


Em seu depoimento  Petrúcio Santos membro do Conselho Estadual da Pessoa Idosa disse de forma clara e direta disse que tem duas bíblias: uma delas a da religião e a outra o Estatuto do Idoso. Porém, que faltam as políticas públicas que garantam o amparo e, principalmente, os direitos da pessoa idosa. Não adianta apenas propaganda, mas ações de acolhimento. 

"Não se discute e nem se constrói um laboratório e um hospital para as pessoas idosas. A saúde está com muitos problemas. Muitas vezes o idoso tem que dormir ou pagar para pegar uma ficha e ser atendido 20 dias depois. A mobilidade, na Ponta Grossa, que os carros estacionam sob a calçada e temos que transitar pelas ruas. No município não há projetos de lazer e esportes, exceto nas entidades. É preciso que hajam locais para o ensinamento para as pessoas idosas", disse Peu. 

O vereador Fernando Holanda destacou que apresentou duas indicações importantes para o tema. O primeiro foi a criação da cidade amiga do idoso, com o desenvolvimento de políticas de amparo, proteção e lazer para os idos. E, ainda, iniciativa semelhante mas para as empresas privadas e possam investir em iniciativas públicas para ajudar a manter alguns projetos e com isso pudessem ser beneficiadas.

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